Rembrandt pinta esta liτπo de anatomia em 1632. Trata-se de uma encomenda especialmente importante. O doutor Tulp comeτava uma ambiciosa carreira polφtica. A designaτπo desta encomenda ao jovem pintor Θ indicativa do reconhecimento precoce de sua arte por parte dos setores mais representativos da sociedade holandesa.
O promotor da obra aparece dando uma conferΩncia. Tem um chapΘu na cabeτa, o que Θ um indφcio da oficialidade do acontecimento. Os assistentes nπo sπo jovens estudantes. O habitual nesta tipologia do retrato era que se representasse vßrios mΘdicos e algum ajudante. Neste caso, o p·blico tampouco pertence a este grΩmio. A importΓncia do tema estß no infreqⁿente que era a dissecaτπo de um cadßver. O indivφduo da demonstraτπo Θ Aris Klindt, um rΘu que acabava de ser enforcado.
A tela foi colocada permanentemente nas instalaτ⌡es do GrΩmio de Cirurgi⌡es. Como em A Ronda Noturna, o quadro se inscreve dentro do gΩnero dos retratos civis. Seu peculiar tratamento causaria grande expectativa na Θpoca. A caracterizaτπo individual perde terreno a favor da narraτπo de um acontecimento.
AN┴LISE T╔CNICA E ESTIL═STICA
A tela, de grande formato, mostra uma marcada horizontalidade. O grupo, muito compacto, Θ de estrutura piramidal. A representaτπo se situa num interior escuro e impreciso, ressaltando os personagens. A profundidade espacial se consegue mediante a sucessπo de vßrios planos. Um cavalheiro dirige seu olhar para fora do quadro. Estß sentado em primeiro plano. Sua atitude produz uma sensaτπo de imediatismo. O cadßver ocupa o plano intermedißrio. Sobre ele se concentra a atenτπo principal. A composiτπo se fecha na c·spide da pirΓmide. Nela um homem assinala o rΘu com o dedo. A brancura do corpo sem vida contrasta notavelmente com a negra indumentßria do conferencista. As mπos e a cara deste se destacam de forma muito expressiva. Seu p·blico nπo oferece um cromatismo contrastado, se se excetua as gorjeiras brancas. O colorido vai desde o cinza e ocre, passando pelo branco, negro e vermelho do braτo aberto, que animam a composiτπo. Uma iluminaτπo artificial incide em diagonal sobre as figuras.
O claro-escuro permite integrar sem brusquidπo os personagens numa atmosfera tranqⁿila e concentrada.
INTERPRETA╟├O
A Liτπo de Anatomia do Doutor Tulp constitui um dos trabalhos mais significativos do jovem Rembrandt. Com esta tela, o retrato burguΩs de grupo adquire uma dimensπo diferente.
AtΘ entπo, os artistas vinham concedendo atenτπo especial α individualizaτπo dos rostos. O gosto da sociedade holandesa se centrava no detalhe formal e numa caracterizaτπo minuciosa do indivφduo.
O mestre prefere afastar-se dessa estΘtica. Opta, neste caso, por destacar o que ele considera mais essencial. A narraτπo do fato concreto Θ a verdadeira protagonista. Substitui-se a gravidade exigida atΘ o momento pela realizaτπo das diferentes reaτ⌡es que o assunto suscita entre os assistentes. Um deles olha diretamente para o espectador. Outro dirige tambΘm seu rosto para fora da tela. Deste modo se amplia o espaτo do quadro, fazendo o assunto mais pr≤ximo de quem o contempla. A nova concepτπo de um gΩnero tradicionalmente tπo arraigado causou um l≤gico impacto entre os contemporΓneos do artista. A unidade narrativa se consegue de forma magistral, enquanto as figuras se integram harmonicamente no ambiente.
